segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Hector Babenco e o Beijo da mulher aranha

"Contento-me em ser uma pessoa não resolvida,
  porque acho que das minhas imperfeições,
  ainda sairão coisas interessantes"
                                                    Héctor Babenco


Faleceu em julho desse ano, um dos maiores cineastas brasileiros. Sim o Brasil tem bons cineastas e Héctor Babenco foi um ícone da minha geração. Não poderia deixar de criar um post sobre ele.






Antes que alguém diga que Héctor Babenco era argentino ou nasceu na Argentina, eu me refiro a excelente obra dele como sendo feita no Brasil. Seus filmes são considerados como obras-primas e de fato, ele os produziu em sua maioria com recursos e formação no Brasil. E vale frisar ainda, que pouco me importa a nacionalidade das pessoas. 

Quando criança, assisti ao filme - "Lúcio Flávio, o passageiro da agonia" - e fiquei literalmente 'angustiado'. Acho que esse foi o meu primeiro contato com o que chamo de 'literatura marginal', pois passei a tentar conhecer melhor a vida de pessoas que viveram à margem da sociedade. Sim, eu já li dezenas de livros sobre traficantes, marginais, serial-killers, genocidas e por ai vai. Eu me pergunto sempre o que leva alguns a seguir um caminho de crime e violência.

Héctor Babenco ainda dirigiu muitos outros filmes de sucesso. Mas um dos filmes dele que muito me chamou atenção foi - "O Beijo da Mulher Aranha". Trata-se de um filme baseado na obra homônima(em espanhol, El Beso de la Mujer Araña) de Manuel Puig que tive o prazer de ler.




O livro é fantástico! Mas é um pouco diferente do filme. Dá uma enfase maior à questão da sexualidade de um dos protagonistas(Molina) e deixa de lado questões políticas presentes no outro protagonista(Valentin), essas por sua vez, são melhor visualizadas no filme. 

Vivemos em uma época em que se detrata os seres humanos com base em ideologias ou formação social. Essa obra serve para mostrar que o caráter de uma pessoa não é formado com base apenas em ideais ou mesmo formação social. Seres humanos são complexos por natureza e julgar os outros com base apenas naquilo que conhecemos pode significar praticar injustiça. 

Devemos saber que o conhecimento por si só não produz sentimentos nobres como empatia, misericórdia ou pena, afinal quantos intelectuais e pessoas com alta formação acadêmica não são deploráveis? No entanto, ler a respeito da vida de outros e conhecer seus sofrimentos deve nos levar a ser menos indiferentes as opiniões e sentimentos alheios.

A maioria dos filmes do Héctor Babenco está disponibilizada no Youtube e são mais do que recomendados. E eu recomendo fortemente a leitura desse livro do Manuel Puig. Infelizmente, no momento não se acha mais em português, mas a edição em espanhol é ótima!

Um comentário:

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